sábado, 29 de março de 2008

A mina crónica no jornal "A Bola"


Coluna do Senador
"Até o vento está mais azul"
por: Rui Moreira
A cidade da Praia, capital da República de Cabo Verde foi, esta semana, o palco escolhido para a realização do programa televisivo em que participo como comentador «azul e branco». Regressei assim, ao fim de uma década e meia, às «Ilhas do Vento» onde, no passado, me deslocava com frequência por motivosprofissionais. Passou muito tempo e, para dois terços da população do país, que entretanto progrediu e se democratizou, a antiga soberania colonial portuguesa faz parte da história que não conheceram. Por isso, e por culpa da nossa negligente falta de visão que nos leva a desprezar o enorme potencial dalusofonia, temia vir a encontrar um país diferente, ao nível dos afectos. Pelo contrário, reencontrei-os, bem vivos e preservados, naquele povo encantador e alegre, que não tem complexos da sua relação histórica connosco.Em Cabo Verde, percebemos que somos de outro país mas não nos sentimos estrangeiros. Toda a gente parece ter uma ligação afectiva com Portugal, que é hoje cimentada pela paixão exacerbada pelos nossos clubes de futebol. Até os mais novos, que têm acesso à informação global, seguem com grande entusiasmo as transmissões dos jogos que lhes chegam de Portugal e, também, tudo o que diz respeito aos clubes que adoptaram e que sentem como seus.Por isso, e ao contrário do que acontecia nas minhas anteriores visitas, desta vez não passei incógnito. Entre as muitas provas de afecto que recebi, não só por parte dos amigos mas também de muita gente que não conhecia, fiquei impressionado com a influência crescente do FC Porto naquelas paragens onde, dantes, os adeptos eram predominantemente benfiquistas e, residualmente, sportinguistas. Fruto dos resultados das últimas décadas, há hoje em Cabo Verde muitos filhos de empedernidos e devotos adeptos desses clubes que são portistas ferrenhos.Tive, felizmente, a oportunidade de conviver com muitos destes adeptos num jantar de portistas, organizado pelos promotores da futura Casa do FC Porto em Cabo Verde, em que me pude inteirar não só do seu clubismo, mas também do conhecimento detalhado de todos os assuntos do clube, que acompanham à distância. Como dizia Mário Semedo, Presidente da Federação Cabo-Verdiana, é pena que estes afectos não encontrem, em Portugal, a devida correspondência. Numa altura em que o FC Porto aposta fortemente na formação e em alargar a sua base de apoio para além das velhas barreiras regionais,Cabo Verde é,seguramente, uma aposta ganha à partida e que só precisa, agora, de ser acarinhada.





Abraços do Rui Moreira

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